Atentemos para a beleza suave e serena das frases pronunciadas por Jesus - "Olhai as aves do céu", "Buscai primeiramente o Reino de Deus". Ambas a nos indicar a admiração do belo e do simples. Aves voejando daqui para ali, em busca constante do alimento, gorjeando o tempo todo, como que agradecendo a Deus o alimento encontrado, e a procura do Seu Reino, pela simplicidade de seus atos. Apenas viver e agradecer, o tempo todo.
As duas alocuções acima, aparentemente se contradizem, pois a primeira nos informa que os pássaros (que não trabalham como os homens), são alimentados pela Providência Divina, e na segunda, a busca do Reino de Deus e sua Justiça, nos alerta para a serenidade necessária em relação ao dia de amanhã, ou seja, quanto ao futuro. Nos alerta que o dia de hoje já tem a sua aflição. E o dia de amanhã terá, também, sua própria aflição. E para cada dia, sua própria aflição se basta. Ou seja, faça com que cada dia seja o seu momento, o seu agora, a sua oportunidade de praticar do bem, o seu momento do aprendizado necessário a sua evolução.
A busca pela espiritualização está sempre indicada por Jesus. Pela nossa pequenez mental, ainda não fixamos que somos espíritos que possuem, emprestado pela Providência Divina, um corpo de carne, e não o contrário, ou seja, somos um corpo que possui uma alma.
Também ainda não fixamos que esse corpo, não passa de uma ferramenta para nosso aprendizado, nosso resgate de dívidas do passado, nosso meio de evolução, via sofrimentos algumas vezes, outras, mais raras, por raciocínio lógico. Enfim, o nosso corpo é um meio de conseguirmos mudar moral e intelectualmente, para enfim, passarmos por sofrimentos menos intensos, ou até pararmos de sofrer.
Kardec, em suas considerações, nos chama a atenção sobre a contradição aparente, dizendo que seguidas ao pé da letra, essas afirmações de Jesus seriam a negação de toda previdência, e de todo trabalho. E a primeira consequência dessa circunstância seria a paralização do progresso, da evolução intelectual e moral do Espírito encarnado na Terra, o qual jamais sairia do estágio primitivo da evolução. É evidente que este não poderia ser o objetivo de Jesus, até porque, culturalmente, cada judeu era obrigado a ter de berço, uma profissão, para que dela pudesse viver em casos de necessidades ou por perseguição a sua coletividade. Paulo de Tarso, o apóstolo dos gentios era tecelão, e vivia dessa profissão, não onerando nenhuma das igrejas por ele fundada. Além de se manter, estava sempre preocupado que seus enviados às instituições nascentes, não fosses delas dependentes economicamente falando. Ou seja, o serviço prestado pelo Paulo e seus discípulos foram todos “trabalhos voluntários”, como se pede nas casas Espíritas.
Ao nos recomendar a busca do Reino de Deus, sem a preocupação com o dia de amanhã, tendo portanto confiança na Providência Divina, estaremos lutando contra nosso egoísmo e a desmedida ambição, tida como “normal” do ser humano.
Se observarmos o comportamento humano tido como normal, notaremos que a grande maioria está atrás de satisfações interiores, entendendo que sua paz interior está situada na posse de fortunas, de bens materiais que inúmeras vezes não servem para nada, o que não acontece, pois a paz interior somente se consegue com a prática do bem, que começa com o entendimento de sermos Espíritos em evolução, e cuja ferramenta de trabalho para conseguir isso é o corpo de carne que todos portamos.
Não nos esqueçamos que Deus sabe de todas as nossas necessidades, e muita vez solicitamos o Seu socorro, pedindo o que julgamos "nossa necessidade". E via de regra, recebemos o de que mais necessitamos, seja de ordem material ou espiritual.
Somente conseguiremos entender isso, quando desenvolvermos nossa confiança na Providência Divina, pois aí poderá se cumprir o falado por Jesus: "Busquem o Reino de Deus e essas coisas se acrescentarão".
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