Meus queridos irmãos, que a misericórdia do Pai esteja conosco e nos inspire nessa caminhada.
A mim, só cabe compartilhar minha experiência.
Desde a tenra idade, eu não me encaixava na sociedade.
Filha amada, irmã querida, só encontrava guarida junto aos meus.
Porém, nossa caminhada não se dá apenas ao lado dos nossos queridos; muitos outros irmãos se juntam a nós e, para minha infelicidade, alguns desses irmãos eram incapazes de me ver como uma irmã, dotada das mesmas dores e amores.
A incompreensão das diferenças e a intolerância me levaram a ser jogada em um hospital psiquiátrico, que mais se assemelhava a um depósito humano de rejeitados.
No íntimo, não somos diferentes; somos todos iguais. Mas olhar para dentro dói, é feito — e o mais fácil é esconder os irmãos que nos são espelhos, para que sejam guardados longe dos olhos.
Lá, fomos degradados, animalizados, esquecidos por todos, exceto pelo nosso Pai Salvador.
Minha jornada não foi fácil; meu único acalento era a certeza do amor do nosso Senhor.
Eu me revoltei, me perdi no meu ódio, pois o tratamento desumano que recebi não me era merecido.
Por anos, eu amaldiçoei esses irmãos ignorantes que me infringiram tanta dor.
Quis revidar, quis me tornar ainda pior e lhes infligir dor como a que eu sentia.
Admito que a vingança dominou meus pensamentos por muitos anos.
Hoje, mais harmonizada e equilibrada, consigo entender a limitação desses irmãos que me infligiram tanto sofrimento. São criaturas pobres e só sabem dar o que receberam.
Eu não quero mais a vingança; quero ser um singelo exemplo de como podemos retribuir o ódio com amor, para a mudança do nosso destino como humanidade.
Sejam pacientes uns com os outros, para que o amor do Divino Mestre seja nossa palavra de vida.
Paz a todos.