Conta-nos o Evangelho de Mateus, capítulo XVII 14:19, que estando Jesus entre o povo, alguém se achega e lhe pede, ajoelhado, cura para seu filho que se apresenta lunático, ora caindo no fogo, ora caindo na água, tendo sido apresentado aos discípulos, nada havia acontecido, ou seja, a cura não ocorrera.
A observação de Jesus, ao ocorrido, é contundente – "Oh! Geração incrédula e perversa, até quando hei de estar convosco? até quando vos hei de sofrer?" E, lhe trazendo o filho do homem, abençoou-o, no que ele ficou curado.
Os discípulos questionam por que não conseguiram curar o moço, retirando dele o espírito mau que o acompanhava. A resposta é simples – "Por causa da vossa pouca fé." E prossegue – "Se tiverdes fé como um grão de mostarda , direis a este monte:- Passa daqui para acolá, e ele há de passar e nada vos será impossível."
A colocação de Jesus, embora direta e objetiva, traduz um sentimento de pena, de comiseração mesmo, para com seus discípulos. Começa com a citação da incredulidade – geração incrédula - passa pela indisciplina dos sentimentos – perversa – e lamenta que ainda não tenham amadurecido a confiança na Providência Divina – até quando hei de estar convosco, e sobre o seu sentimento ao ver que nem sempre os discípulos o compreendiam, - até quando vos hei de sofrer – e o lamento final pelo não amadurecimento – pela vossa pouca fé –mas ainda assim, demonstra como realizar a cura - impondo as mãos, abençoou-o.
Podemos ainda considerar que os discípulos não haviam entendido que o seu trabalho, baseado na fé absoluta em Deus, se realizaria em um patamar moral superior ao obsessor que provocava o comportamento aloucado do moço.. Nós podemos entender tal situação ao lermos as questões 274 e 275 de O Livro dos Espíritos, nas quais Kardec pergunta “as diferentes ordens estabelecem uma hierarquia de poderes” e se “há entre eles subordinação e autoridade”. A resposta do Espírito da Verdade é de que tal ascendência e autoridade existe naturalmente. Dizem também que tal autoridade é irresistível, ou seja não tem como desobedecer.
Essa falta de fé, nos leva a pensarmos em nós mesmos, e em nossos comportamento que inúmeras vezes se equivale à crônica do Irmão X, no Livro Contos Desta e Doutra Vida, que se intitula “A RESPOSTA DO BENFEITOR”, na qual o orientador de um trabalho, numa casa espírita, pede insistentemente aos membros do trabalho ali reunidos, para realizarem um “Culto do Evangelho” na casa de um companheiro do trabalho que passa por momentos difíceis.
A fuga ao pedido de auxílio passa por diversas desculpas, desde o se dizer “um lobo”, até a desculpa de se julgar um animal, o qual sem o centro, estaria na sarjeta.
Nenhum deles se aprestou a auxiliar a família do companheiro em dificuldades. Todos se desculpavam, se dizendo sem capacidade para um simples Culto do Evangelho na casa de alguém. Ninguém apresenta uma nesga de fé na Providência Divina, que se realizado o trabalho, lá estaria auxiliando os de boa vontade.
Lembra-nos também a colocação de Emmanuel em relação a Estevão – o mártir do cristianismo, quando apedrejado, já no fim da vida material, a irmã lhe apresenta Saulo – que o mandara apedrejar – como seu noivo, e ele enaltece as virtudes de Saulo como defensor da verdade – a que ele, Saulo, entendia ser, - e os abençoa.
São duas situações opostas, mas ambas vivenciadas no nosso orbe, portando possíveis de serem executadas por nós, seus habitantes.
As observações de Kardec no capítulo XIX, item 2 do Evangelho segundo o Espiritismo, são no sentido de que em se tendo fé – no aspecto material chamada “confiança em si mesmo”, “certeza de conseguir o desejado”, nos chamando a atenção para a “fé robusta” que confere ao seu portador, a energia e os recursos necessários para a vitória sobre os obstáculos a serem enfrentados, sem a existência do desculpismo usual.
E no sentido espiritual, ou moral, é aquela que tem a certeza do socorro da Providência Divina, presente em todos os momentos necessários, e, detalhe, é sempre calma. Repito, sempre calma. Essa fé é aquela que se apresenta como resultado de um conhecimento, apoiada na inteligência, mostrando-se sempre muito segura de si.
A fé que se mostra insegura, ela é “furiosa” ao encontrar obstáculos, e tal situação naturalmente leva a falhas de raciocínio, e erros de decisão, a ansiedade pela sua falta. Ou seja, o duvidar do auxílio da Providência Divina, acaba por impedir que a pessoa realize algo, por duvidar de si mesma.
Para finalizarmos, vejamos a observação final do Espírito que pedia o socorro de um Culto do Evangelho:-
"Cada um dá o que tem. Sei que experimentam grandes obstáculos. Mas se vocês estão aguardando asas de anjos para poderem auxiliar na Terra, eu sou alma humana com necessidade de serviço, a fim de curar as minhas próprias imperfeições. Até que vocês cheguem ao Céu, vai levar muito tempo, e eu, sinceramente, não posso esperar ."
PÁGINA INICIAL ARTIGOS QUEM SOMOS DOUTRINA AGENDA CONTEÚDO ESTRUTURA ESTUDOS PROJETO CONTRIBUA VOLUNTARIADO DEPOIMENTOS MÚSICAS